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Para Ser Eterno Basta Ser Um Livro – Editorial e design do livro em Portugal no século XX

As grandes exposições estão de regresso à Casa do Design.

A exposição Para Ser Eterno Basta Ser Um livro – Editorial e Design do livro em Portugal no século XX, patente ao público na Casa do Design de Matosinhos entre 04 de maio e 27 de outubro, propõe ao visitante uma abordagem diferente sobre os livros. Os livros são objetos frágeis e delicados, artefactos produzidos à base de papel cujas fibras permanecem vivas, envelhecendo à passagem do tempo que leva à sua gradual oxidação. Apesar de estarem sempre ameaçados pela água e pelo fogo, os livros são também poderosos, através dos seus diferentes usos, que evidenciam os seus diferentes poderes. Nesta exposição, os curadores, Jorge Silva e José Bártolo, pretendem apresentar o livro como um objeto de design. O formato do livro e o seu design não são, apenas, suporte e forma em relação ao conteúdo: são, eles próprios, também conteúdo. Assim como são muitas as possibilidades de se fazer um livro, são igualmente inúmeros os universos possíveis que um livro faz. E uma exposição sobre livros também nos abre a um campo vasto de possibilidades. Neste caso, todos os livros que vemos na exposição são edições portuguesas. Esta mostra introduz-nos ao espaço mais popular e comercial dos livros impressos editados em Portugal no século XX. Nela não se incluem edições de autor, livros de artista, ou livros que pertencem a múltiplos de artista. É uma exposição constituída, maioritariamente, por originais publicados de livros, as quais se associam alguns elementos de processo: desenhos, maquetes e artes finais; a estes conteúdos juntam-se, como apontamentos, materiais documentais, ligados à atividade das editoras - principalmente catálogos - e às associações de classe de editores e livreiros. Propõe-se ir ao encontro dos livros pelo seu lugar mais comum e, como poderiam ser encontrados numa livraria, nos anos 20, 40 ou 80 do século passado. Na exposição serpenteamos entre romances, novelas, um ou outro dicionário, livros de poesia, aqui e ali um livro de fotografia ou um catálogo. E se há livros abertos, na maioria dos casos vamos encontrar os livros fechados, interpelando-nos através da sua capa - espaço de encontro entre o livro e a pintura, mas, igualmente, a ilustração e o design. Para Ser Eterno Basta Ser Um Livro - Editorial e Design do livro em Portugal no século XX é uma exposição que resulta de uma vontade e de um encontro. A vontade de materializar uma exposição que ajude o visitante a conhecer a história da edição e dos editores, dos ilustradores e dos designers que ativamente estiveram ligados ao mundo dos livros em Portugal ao longo do século XX. E o encontro, entre dois curadores que partilham interesses e afinidades, e se encontram, também, no espaço entre a bibliofilia e o interesse pela investigação sobre a história do editorial e do design gráfico português. Esta exposição é, também, um reencontro dos dois curadores, nove anos depois de também terem sido os organizadores da exposição Cólofon – 500 Capas de Livros Portugueses, que esteve patente no Museu da Quinta de Santiago, também em Matosinhos. A paixão pelos livros levou os curadores da exposição a tornar estes artefactos próximos e íntimos, ativou o interesse em os colecionar, em os cuidar e a vontade de partilhar essa paixão com outros. Um modo de olhar prevalece sobre diversos outros, olhar um livro como um objeto de design leva a querer conhecê-lo, dissecando-o numa atenção à sua forma e estrutura, aos processos técnicos usados na sua produção, às especificidades do uso da tipografia, da fotografia ou da ilustração. Uma atenção, também, à autoria (que são sempre autorias), à chancela editorial e às vidas do livro, o seu contexto e a sua história, o seu conteúdo e a forma que ele assume. Na sua maioria, os livros que se encontram nesta exposição foram produzidos antes de termos nascido e perdurarão muito para além de nós. Esperaram-nos, passando de mão em mão; respirando do pó dos livros em escaparates de livrarias ou em bibliotecas privadas que, a certa altura, se desmantelaram. Através dos livros em exposição abeiramo-nos de diferentes circunstâncias, intuímos conjunturas económicas e valores culturais, posições editoriais e mudanças históricas. Mesmo não nos localizando no epicentro da coisa histórica sentimos-lhe o tremor.  

A exposição está dividida em quatro espaços temáticos:

  1. Explosões “Como mostrar a explosão, não o engenho explosivo” é a frase que dá o mote para o primeiro espaço, no qual se convida o visitante a enquadrar-se no mundo dos livros. “É como se nós próprios estivéssemos a elaborar um livro, experimentando várias abordagens”, explica o curador José Bártolo.
  2. Coleções Coleção é uma forma de vulgarização das obras, associada a uma estratégia de fidelização dos leitores. As coleções eram um convite à compra continuada. Aqui são apresentadas, de forma ordenada, muitas das grandes coleções editadas no século XX, como, por exemplo, os “Livros RTP”.
  3. Temas Os temas permitem reunir livros de datas diferentes editados em contextos politico-sociais distintos. Aqui o visitante encontrará livros proibidos, livros escolares, ou livros sobre as guerras, entre várias outras temáticas.
  4. Anatomia de um livro Este núcleo tem a ver com o design dos livros. A matéria, o miolo ou a encadernação formam o objeto em si. É voltado para os mais jovens, sobretudo os estudantes de design. Tem um lado pedagógico e foi concebido com o apoio do estúdio 0.itemzero.