A exposição dá a conhecer a história da mítica editora discográfica criada no Porto em 1956 por Arnaldo Trindade.
Com Curadoria de José Bártolo, a exposição dá a conhecer a história desta mítica editora discográfica criada no Porto, em 1956, por Arnaldo Trindade.
Iniciando a sua atividade com a edição fonográfica em disco de vinil de grandes vultos da literatura portuguesa — como Miguel Torga, José Régio, Eugénio de Andrade ou Sophia de Mello Breyner, em discos onde as capas do pintor Moreira Azevedo se destacam pela sua modernidade — a ORFEU cedo começou a afirmar uma identidade diferenciada ao nível do seu catálogo musical, inovador e diversificado, justificando a divisa que durante muito tempo ostentou Disco é Cultura.
Chegando a gravar, em média, um disco por semana, a editora lançou novos músicos a um ritmo vertiginoso. Foi na ORFEU que Adriano Correia de Oliveira editou toda a sua obra e José Afonso gravou alguns dos seus melhores trabalhos, como Traz Outro Amigo Também(1970) ou Cantigas do Maio (1971). Os incontornáveis discos Pano-Cru (1978) e Campolide(1979) de Sérgio Godinho ou 10.000 Anos Depois entre Vénus e Marte (1978) de José Cid têm selo ORFEU, tal como discos marcantes de Fausto ou Luís Cília. Na ORFEU conviveram Titãs e Pop Five Music Incorporated com a música popular dos conjuntos Maria Albertina e António Mafra, num inquestionável sinal de diversidade cultural.
A exposição estrutura-se ao longo de cinco núcleos principais: No Início era o Verbo (1956-1959); Trovas do Vento que Passa (1960-1967); Vozes da Revolução (1968-1975); Entre Vénus e Marte (1976-1979); O Fim da Aventura (1980-1983).
O trabalho de investigação, coordenado por José Bártolo, em articulação com Arnaldo Trindade e Noly Trindade e a colaboração técnica de João Carlos Callixto, Carlos Paes, João Pedro Rocha e Heitor Vasconcelos, possibilitou reunir e apresentar as principais capas de discos da ORFEU e inúmero material documental (gráfico, fonográfico e vídeo), algum dele inédito. Do primeiro contrato de José Afonso com a ORFEU aos originais da arte final da capa do seu disco Coro dos Tribunais, muitos serão os documentos sobre a ORFEU que o visitante terá oportunidade de ver.
Sendo esta uma exposição da Casa do Design, merecerá uma especial atenção o lado gráfico das capas de discos (onde se destacam designers como José Santa-Bárbara, Fernando Aroso, José Brandão, José Luís Tinoco ou Alberto Lopes) e a importância dos fotógrafos onde, entre outros (Eduardo Gageiro, Álvaro João, Nick Boothman, João Paulo Sotto Mayor ou Patrick Ullmann), se destaca Fernando Aroso, autor da fotografia de centenas de discos editados com o inconfundível selo ORFEU.
A par da exposição decorre uma programação paralela, que junta diversos artistas ORFEU, colecionadores e musicólogos.
José Bártolo é curador, professor e crítico de design sediado no Porto. Trabalha como curador independente desde 1998. Foi comissário do Representação Portuguesa na XXI Trienal de Milão (2015) e curador da exposição Duets no Beijing Design Week (2014). Em 2015 foi convidado pelo Governo de Portugal para assumir a curadoria da exposição comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril. Fez a curadoria de inúmeras exposições e publica regularmente sobre design. É o curador geral da Porto Design Biennale’19.

